quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ponto de referencia.

Recentemente conversando com um amigo, que ficou cego depois de adulto. Ele me veio com essa. Somos ponto de referencia. Pois a nossa conversa seguia o rumo de que as pessoas nos observam, como se fossemos ETs. Realmente é assim mesmo, quase sempre elas nem disfarçam, porque acham que eu andando com a minha bengala, só posso ser cega. Hoje em dia não me incomodo mais. Mas pensando no título, vejamos: Alguém pede informação a outra pessoas, se algum "cego" de bengala estiver a vista, provavelmente dirão: depois daquele ceguinho a direita ou a esquerda. Ou quem sabe depois daquele gordo, ou ainda daquele careca ou depois do negro, ou morador de rua, mendigo. Engraçado depois dizemos que não temos preconceitos. As vezes eu admiro esses países que dizem-se, com preconceito, são mais honestos que nós. Aqui no Brasil, somos mascarados, brasileiro bonziiiiiiiinho! E nós com deficiência visual nos tornamos diminutivo, ceguinho! ceguinha! Porque será? alguém sabe? se souberem por favor me digam. Alguém já ouviu aquele cadeirantezinho ou surdinho. Assim nos tornamos ponto de referencia para pessoas..hum!!!direi sem criatividade, para não ofender. Sei que não posso generalizar, mas a maioria com certeza são. Aplaudo os poucos que nós vêem como pessoas, sem distinção. São muiiiiiiiiiito pouco, mas já é alguma coisa. Esses fazem a diferença para nós.
Fico por aqui.
Obrigada.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Confiança

Nós deficientes visuais, temos muito em mente essa palavra "confiança". Mesmo porque não poderia ser diferente. A confiança em questão é nas pessoas. Digo isto, pois observando um dia deste, eu sentada dentro do coletivo que ia seguir o meu caminho, escutei um barulho, que para mim já é conhecido, a bengala tocando o chão, com seu som peculiar, pelo menos eu identifico longe. Reparei num colega de bengala que estava se dirigindo para saída, mas no nosso terminal de coletivos aqui em Floripa, temos muitos obstáculos, que são ruins para quem tem dificuldade visual. Mas aqui também temos um povo solidário, sempre pronto para nos ajudar. Então alguém se aproximou desse colega, e foi ajudá lo. Assim! ele segurou no braço e seguiu, o estranho, sem conhecer, simplesmente porque o estranho se prontificou a ajudar. Por isso digo que temos que confiar, pois acreditamos que podemos atravessar uma rua, naquele momento proposto pelo desconhecido. Digo a voces que senti uma dor na minha alma, me pareceu uma cena tão triste, ele seguindo, sem reclamar, sem se revoltar! Aí! parei de ter pena, pois na verdade estava era com pena de mim. Porque sei que existe essa probabilidade real de perder totalmente a visão. Mudei meus pensamento, e agradeci a Deus, por aquele momento e o amanha só a Deus pertence. Vivo o hoje, fazendo meu tratamento direito, como previsto pelo oftalmo. Usando meu tempo em coisas boas. Novas descoberta, como a pintura em tela, como o estude de música e outros. Conhecendo muitas pessoas maravilhosas, que nos dão apoio, suporte e acreditam na nossa capacidade como seres humanos que somos. Foi só um deslize de minha parte, já refeita estou bem.
Um abraço carinhoso de coração a coração.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu e meu mundo.

Hum!!!voces devem ter pensado, que título mais egoísta. Mas não se stressem, é isso mesmo. Se pensarmos que vivemos num mundo globalizado, onde temos que interagir com outros seres, parece egoísta. Só que mesmo agindo, interagindo sempre temos o nosso mundo, um mundo só meu, só teu. Eu como uma pessoas com deficiência visual nesta vida, percebo que além do meu mundo, tenho um mundo com muitas diferenças, um mundo que não é pensado em nós. Vejam bem! por mais que eu explique como vejo as coisas, objetos, pessoas, paisagem ninguém saberá como isso se processa dentro de mim, no meus olhos no meu sentimento. Cada pessoa com visão sub normal tem sua particularidade como enxergam. Eu, vejo como se estivesse olhando dentro de um tubo, por isso o nome visão tubular, isso me limita, para tudo que estiver perto. Se alguém vier me cumprimentar, ouço a voz e preciso me afastar da mesma colocando-a mais longe e bem centralizada, senão não consigo ver. Isso fica constrangedor e sempre preciso explicar o porque do afastamento. Assim como, se estendem a mão para me cumprimentar, deixado muitas pessoas sem graça, com a mão estendida e eu ali feito uma tonta sem retribuir. E os trocos, pago e fico aguardando o troco, e ele está alíii!!! na minha frente a dois palmos do meu nariz e eu nada, porque será que as pessoas ficam olhando para mim, sem dizer nada, custa emitirem som!.Agora esto mais esperta, quando percebo a demora! olho para as mãos. Hoje me senti em papo de aranha, minha carteira está com ziper ruim no local das moedas. Quando fui pegar a cédula, lá se foram várias moedas para o chão. Dei uma olhada e não vi nada. Pensei! vou deixar assim, mas logo vieram ao meu socorro e acharam para mim, detalhe uma estava ao lado do meu pé. Meu campo de visão é mínimo. Naquele momento eu no meu mundo de decepção, um ato tão fácil de ser resolvido, para mim uma dificuldade extrema. Agora me digam! temos? ou não um mundo só nosso. Somos milhões de mundos, dentro do universo.
Beijos, Fiquem com Deus.
E mantenham acessa a luz de Jesus em seus corações.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PhD em...

Buracologia. É isso aí minha gente, mais uma ciência aplicável, e põe aplicável nisso. Nós deficientes visuais, somos conhecedores profundo dessa ciência, o dia a dia nos faz mestres. Eu descobri que conheço todos os buracos da minha cidade por onde passo. Acreditem! esses buracos são mutantes, se reproduzem com uma velocidade e mudam de formas assustadora. Tem buraco redondo,no próximo dia é ex redondo, pois já mudou de forma. Buraco fundo, raso, buraco com chifre, com perna, se deixar a minha imaginação vai longe, mas que eles existem! há como existem. Andando pela rua descobri que passo a maior parte do tempo, desviando, conhecendo esses malditos buracos, com isso o meu equilíbrio fica alterado. E tem mais, de vez em quando a minha bengala a (Duda) resolve achar o buraco primeiro que eu, então fica engraçado para os outros, porque para mim é chato. A bengala sempre vai a frente indicando que não existem obstáculos e também porque eu enxergo um pouco, muitas vezes vou pontuando a Duda, nestes buracos que ela vê e se enfia nele, acaba empacando e eu indo para frente. Ela não sai da minha mão, pois prendo ela no meu pulso com o seu próprio elástico. Dai, muito sem graça tenho que parar e tirar a danada que teima em ficar ali numa atitude indecente, enfiada no buraco. Engraçado que quando isso acontece, sempre o buraco é do tamanho dela, certinho para ela. hehe. Deixando a Duda de lado eu acho isso uma vergonha, não se pode caminhar decente, aposto que sempre é assim onde o povo anda. Os consertos são mal feitos, uma pequena chuva lá se vão os remendos e o dinheiro do povo. Claro que temos compromissos com o cuidado, com saber usar. Penso que temos buracos legal! querem ver? buraco no queijo,(bom) buraco na fechadura, (para espiar)hehe. Buraco negro! hí! esse é ruim, Buracos nas leis que os advogados são mestres em descobrir! pior ainda, buraco da aliança, para colocar um dedo em compromisso (esse é legal)buraco na arvoré como ninho do pica pau (esse é muito chuchuco) buraco nas matas, (pelo fogo), no amazonas pelo desmatamento (esses são piores ainda). Pensando bem, acho que buraco não é legal. Voces não acham?
Se querem alguém para palestrar sobre esse tema é só chamar a especialista em buracos, a Buracóloga Bel Talarico. Hehehe descobri uma nova profissão, será que terei sucesso?.

domingo, 13 de setembro de 2009

Sábado no Engenho

Era um sábado, maravilhoso com chuva descendo do céu lavando a nossa casa (a terra)estava frio,permitindo o aconchegos dos namorados, das familias, dos amigos. Estava eu lá com a minha companheira (Duda) minha Bengala Mágica mais que amiga, com outras amigas (moças) elas eram um sábado de sol.(Se eu disser que eram o mesmo sábado elas ficarão aborrecidas)eu acho hehe. Fomos lá para almoçarmos e ao mesmo tempo verificar a acessibilidade para nós deficientes, em restaurantes, porque é tema de uma conclusão do Curso de uma delas. Bom, o lugar é lindo, muito verde, estilo engenho, uma paz, muito aconchegante só que para pessoas normais. A acessilibidade foi zero a esquerda e o zero só tem valo se for colocado no lado direito.Mas não estranhei, aqui em Florianópolis, encontrei um restaurante acessível,está dentro de um hotel, e conheço muitos, e nenhum deles existem a preocupação nesse sentido. Os empresários devem pensar que nós deficientes vivemos de vento, ou quem sabe somos invisíveis. Eu aposto no invisível, e não damos retorno financeiro a eles. Pura ignorância, falta de visão, falta de informação, pois somos milhões mais informações no site: www.ibge.gov.br
Mas valeu pela acolhida. Vamos ser justo a comida do restaurante é muito boa.
E confirmei algo desta era, da corrida, da pressa, porque mesmo sendo num sábado o almoço era de lazer, as pessoas tem pressa, ficam impacientes vendo alguém em sua frente na fila muito devagar, porque eu estava me servindo sozinha. Tive que pedir para as pessoas passarem na minha frente para eu não ficar brava estava ficando incomodada com isso, e olhem que era 14:30 Hs. Que pena! para quem tem pressa, pois a vida é para ser caminhada, saboreada, percebida em toda a sua magnitude, em toda sua beleza que Deus nos deixou. Mas como temos o livre arbítrio! Fazer o que.
Pra mim só posso dizer que as companhias, foram maravilhosas, o sábado nublado com chuva foi aconchegante. E eu aproveitei,o que me foi lícito.
Há! meninas lindas se quiserem de novo estou as ordem OK heheh. Beijos
Fiquem com Deus.

sábado, 12 de setembro de 2009

Virei Cinderela?

Creio que todos nós conhecemos a história, linda e romântica da Cinderela, como sabemos ela a meia noite teria que estar em casa, pois tudo voltava ser real. A carruagem que viraria abóbora os cavalos que voltariam a ser ratos e assim segue...
Faz tempo que me sinto como ela,pois quando escurece já preciso estar em casa, ou se saio a noite preciso sempre de ajuda. Como glaucomatosa em ambos os olhos, a escuridão de fato é escuridão, porque como já dito, nossos olhos vêem o escuro com os periféricos, como não os possuo mais! fica difícil minha locomoção. Recentemente fui em um aniversário, que foi a noite acompanhadas por amigos. Para subir, descer escadas, andar sem luz, de fato é apavorante, me sinto totalmente desconfortável,mesmo fazendo uso da Duda (minha bengala mágica)coitada fica meio sem ação, porque mesmo sendo mágica ela depende dos meus comandos. E como vejo um pouco, meu cérebro ficou sem ação, naquele momento a visualização era 0 e zero não dá para calcular distancias, obstáculos etc. Eu sem saber o que vem pela frente, fiquei angustiada, embora a aniversáriante estivesse me conduzindo para a rua, pois era ora de irmos embora. Engraçado, mesmo sentindo desconforto, medo não perco a piada. Pedi a aniversariante que fosse um pouco a minha frente, pois se ela caísse em cairia também e teria ela como amortecedor. Coitadinha ela seria achatada hehehe Brincadeira a parte é que o condutor um pouco a minha frente, faz que eu siga o comando que ele faz, assim eu consigo ir com mais segurança. Continuando eu disse pareço um espírito na escuridão desesperado procurando luz. Literalmente é isso mesmo que acontece. Interessante que foi o corredor e escadaria mais longo! e tenso para mim.
Mas deu tudo certo, foi muito bom confraternizar com essa pessoa maravilhosa a passagem de seu aniversário.
Acho que estou mais para Cindercega ou Cindervelha, mas estou feliz e agradecida a Deus por essa pouca visão, que para mim vale muiiiiiiiito.
Beijos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Pequenos acontecimentos

Ter visão subnormal é ser ator de situação hilárias ou não. Hoje mais acostumada e com a aceitação do problema dou risadas pelas situação que ocorrem.
Muitas vezes estou conversando com alguém, esse alguém resolve sair e não me avisa, fico eu falando sozinha. Acho que outras pessoas pensam além de cega é louca! Claro que não deixo por esquecido, logo reclamo e digo por favor, quando saírem de perto me avisem.

Ou então pergunto por algo, ou onde, imediatamente apontam e dizem olha! é ali! é lá. Conto até 10 se precisar conto outra vez, e pergunto ali na direita?, esquerda? ou onde judas perdeu as botas ou lá na conchinchina ehe a mal criação fica só no pensamentos, se for amigos eu penso alto e aproveito também para orientar que digam com mais clareza pois minha referencia é o som.

Muitas vezes pergunto algo, a resposta vem em tom muito alto, as pessoas pensam que além de cega (para eles) devido a minha bengala magica também sou surda. Aliás isso também observo com muitos cegos na Acic, falam muito alto, provavelmente por não verem a pessoas se está perto ou não, mas as pessoas que enxergam não deveriam falar muito alto.

As pessoas pensam que com a visão vai nossa inteligencia, gostos, sentimentos. Uma ocasião fiquei com dois colegas cegos para levá-los a rodoviária, mas antes paramos no mercados público para comer algo, eles se dirigiam a mim perguntando o que eles queriam. Imediatamente eu dizia pergunte a eles, são cegos, não surdos e sabem o que querem.

Já ouvi, pessoas dizerem coitada! tão bonita, arrumada, elegante e cega. Será!!! que por estar deficiente visual, tenho que andar maltrapilha, suja ou quem sabe de cabeça baixa, além de procurar ver onde ando também abaixada de humilhação ou quem sabe de tristeza.

E a espera do coletivo, aqui em Floripa não é dificil, no meu caso, na minha rua só passa uma linha, então é esse que tenho que subir. O terminal é no centro num lugar só fica mais fácil. Mas recentemente li no blog do Ferrari que já perguntaram a ele se ele sabe o seu onibus pelo cheiro! pode? Poooooode!!! tamanha a falta de informação das pessoas. Taí uma sugestão quem sabe colocar cheiro nos coletivos além das cores de cada empresa. Ex: azul com cheiro de orquídea, vermelho com cheiro de pimentão hehehe acho que não é uma boa idéia, nossos olfatos entrariam em colapso.
Fico por aqui, Beijos a todos
Fiquem com Deus.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Não é fácil...

Continuando, fiz várias cirurgia, o pós operatório é imensamente cansativo, mas como sou um espírito participativo, vou fazendo a minha parte, um pouco desconfiada, com medo, com alegria, com todos os tipos de emoções. Me disseram faça terapia e irá te ajudar! e assim procedi, (todos os benefícios que procurei foram gratuitos) e todos muito bons. Procurei a Acic, Associação Catarinense para Integração dos Cegos e baixa visão, passei por triagem, com assistente social, para saberem o que é melhor para mim. Assim acabei indo para um grupo de ajuda mútua, que participo até hoje e onde fez e faz a diferença em minha vida. Lá encontrei um ser lindo, uma pessoas paciente, calma, tranquila, pequena na estatura, mas gigante no espírito, a coordenadora e psicóloga do grupo "esperança".
No primeiro ano fiquei arredia, só observando, perguntando a Deus, porque eu estava ali, o que Ele queria de mim. Chorei muito, compadeci de mim e de muitos colegas, pois cada um é diferente na sua deficiência, mesmo sendo visual, um olha com o cantinho de um olho, outro não enxerga com o meio, só enxergando com o periférico, outros só vêem sombras, os vultos coloridos sem definir quem é quem. Eu como sabem tenho a ilha (pequena) preservada com isso vejo um pouco melhor. Interessante que tudo é questão de ponto de vista. Já ouvi amigos dizerem (reparem que esses amigos de hoje, foram os colegas de ontem) ela enxerga tudo. Claro para muitos que não vêem mais nada, ou sombras etc. Sou uma pessoa auditiva, com isso o toque só era permitido com minha autorização (provavelmente pela criação me dada) então me sentia profundamente incomodada com o toque dos meus amigos, na fila do restaurante, pois é assim que nós podemos ver que a fila está andando e assim segue uma lista de coisas, pois a nosso tato vê é uma de nossas referencias. Me sentia envergonhada de estar ali, de precisar estar ali, quantas vezes passava quietinha perto de algum colega, para não sentirem minha presença. Muitos ainda hoje dizem! Você é nova aqui? digo não! mas não te conhecia. Eu os conhecia, mas na minha ignorância e não aceitação, fugia. Bom por hoje fico por aqui, pois agora que ja fazem 3 anos, há!!! como mudei, merece uma nova postagem, para não ficar muito longa essa aqui.
Obrigada minha linda Carlinha! espero que não se zangue comigo, pois coloquei seu nome sem autorização.
Beijos.
Fiquem com Deus.